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 Atibaia Health

Novos medicamentos para o tratamento da doença renal crônica do diabetes: o alto custo financeiro vale a sobrevivência dos meus rins?

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A cada 9 pessoas adultas, uma tem diabetes. No mundo, estima-se que contamos com meio bilhão (isso mesmo, meio bilhão!!) de pessoas adultas convivendo com tal condição. Mas existe uma estatística mais assustadora: quase 57% não consegue acesso a tratamentos adequados durante a vida, por infinitos motivos (descoberta mais tarde da doença; moradias em áreas de difícil acesso em saúde; escassez de recursos médicos e medicamentosos, entre outros).

Nos últimos anos, as pesquisas têm se voltado para a doença renal do diabetes na tentativa de otimizar o tratamento e evitar a perda grave de função dos rins, que pode levar à necessidade de substituição renal (hemodiálise, diálise peritoneal ou transplante renal).

Novos medicamentos foram lançados, embora ainda com acesso restrito à parte da população, seja por critérios de inserção em programas de benefícios governamentais ou por alto custo financeiro. 

O fato é que a doença renal do diabetes está sendo tratada com 4 pilares, respeitando critérios de inclusão e de exclusão específicos que direcionam o nefrologista a indicar tais tratamentos para cada paciente a depender dos resultados dos exames:

1- inibidores de enzima conversora da angiotensina (mais conhecidos como IECA, têm o captopril e o enalapril como seus principais representantes) ou bloqueadores do receptor da angiotensina (losartana, valsartana, olmesartana): diminuem os níveis de proteinúria e ajudam na preservação da função renal a longo prazol

2- inibidores da SGLT2 (dapagliflozina e empagliflozina): diminuem os níveis glicêmicos, favorecem a diminuição da pressão arterial através da eliminação de sódio na urina e, consequentemente, reduzem a proteinúria

3- antagonista não esteroidal do receptor mineralocorticóide (finerenona): recentemente lançado para pacientes com diabetes tipo 2 e doença renal crônica em estágios intermediários (3 e 4), reduz a fibrose renal causada por inflamação e diminui a perda de proteínas urinárias 

4- análogos de GLP1 (liraglutida, semaglutida): utilizados para tratamento de obesidade e diabetes, aumentam a saciedade, facilitam a perda de peso e, por consequência, melhoram controle glicêmico. Em estudos mais recentes, os dados indicam diminuição da progressão da doença renal crônica e da microalbuminúria

Mesmo com a disponibilidade comercial de tais medicamentos, ainda há determinada restrição em suas prescrições, pois o custo financeiro costuma ser elevado e, muitas vezes, não podem ser arcados pelos pacientes e seus familiares.

Mesmo assim, cabe ao nefrologista compreender as possibilidades e ajudar o paciente em cada caso de forma individual.

Dr. Fernanda Pascuotte | Médica Nefrologista

CRM 146987

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